Relatório da OCDE, divulgado recentemente, mostra o que está sendo feito de concreto mundo afora no intuito de transformar as escolas e a experiência educacional.
A inovação, o ato de criar algo novo ou de pensar e agir diferente, não é uma coisa recente, de alguns anos ou mesmo décadas atrás: existe desde que o mundo é mundo e foi, inclusive, o que nos trouxe da Idade da Pedra até aqui. A capacidade de inovar é um dos motores que fazem o progresso acontecer, algo do qual jamais pudemos abrir mão para evoluir, melhorar. E ela nunca foi tão imprescindível como é agora. Nos dias de hoje, em que não temos a menor ideia das mudanças e os desafios que estão por vir, não inovar não é uma opção. É mudar, mudar de novo, continuar mudando ou morrer! Isso vale para as empresas, para as sociedades, para as pessoas e para a Educação.
A ideia de inovação começou a se espalhar entre educadores e especialistas em Educação há cerca de 15 anos, com a perspectiva da introdução maciça de computadores e da tecnologia nas salas de aula. Mas foi mais recentemente, quando ficou óbvio que o ensino tradicional estava à beira da falência e precisaria mudar radicalmente, que a concepção ganhou força. A partir daí, inovar virou o Santo Graal que todos os envolvidos no processo educativo passaram a buscar. Mas o que foi feito de concreto nesse sentido? O que mudou de fato nas salas de aula desde então?
As primeiras respostas a essas e outras questões estão no relatório Measuring Innovation in Education 2019 (“Medindo a Inovação na Educação”, em livre tradução), da OCDE, divulgado recentemente. O trabalho é excepcional – um dos poucos, se não o único, estudo já realizado que apresenta de forma tão abrangente e com tanta riqueza de detalhes o que está sendo feito mundo afora no intuito de transformar as escolas e a experiência educacional. A publicação também acerta e vai além do óbvio ao enfatizar um ponto importantíssimo: a inovação passa pela tecnologia, mas não se resume a isso, e não há inovação tecnológica viável na Educação sem inovação metodológica.
Ao todo, constam do relatório 158 práticas educacionais relacionadas a estratégias e práticas pedagógicas, tecnologia e recursos educativos e desenvolvimento profissional dos professores e participam da pesquisa 45 países. Os resultados do PISA e de dados levantados em questionários complementares e aplicados paralelamente ao teste internacional serviram de base para a investigação e de referência para a comparação do panorama atual da inovação na Educação com a realidade de 10 anos atrás.
Os resultados do estudo mostram que a tão esperada e necessária reinvenção da escola já começou, mas caminha a passos mais lentos do que se esperava. Na média geral, as inovações avançaram de maneira moderada na última década em todos os países. Apesar disso, os estudantes de hoje vivem o aprendizado de maneira bem diferente de seus colegas há dez anos e experimentam diferentes práticas de ensino, algumas novas e outras que misturam o convencional e o inovador. Alguns pontos do relatório que merecem destaque:
O aumento no uso de tecnologias para aquisição de conhecimento, principalmente a realizada de maneira independente pelos alunos, dentro e fora da escola.
A disseminação de práticas de aprendizagem ativa em Ciências e Matemática.
O aumento no número de professores que buscam se desenvolver profissionalmente por meio de estratégias não formais, com destaque para o aprendizado entre pares.
Na média, os países que mais inovaram obtiveram melhora nos resultados dos alunos e na eficácia da atuação dos professores.
Não houve associação consistente entre inovação com a redução da desigualdade educacional.
Eu acredito que a inovação não é um fim em si mesma e deve, acima de tudo, estar a serviço de um maior aprendizado do aluno. Também acho que a busca pela inovação e a capacidade de inovar na verdade é um mindset, o de estar sempre buscando a melhoria. É muito mais importante ter esse mindset do que só acreditar em gadgets ou soluções mirabolantes!
Fonte: Blog Ana Maria Diniz – Estadão