Quando se trata de futuro do trabalho, precisamos olhar para além da curva, além do curto prazo, e decidirmos o que é urgente e o que é fundamental.” A frase, de Horácio Lafer Paiva, presidente do Conselho de Administração da Klabin, deu o tom de uma grande discussão nas pequenas e grandes empresas: como as novas tecnologias, como inteligência artificial, impactarão os empregos e ofícios atuais.
Paiva debatou o assunto em um painel do 8º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, que vai até amanhã, 11 de junho, em São Paulo. Ao lado dele estavam a americana April Rinne, investidora e consultora, Daniel Susskind, professor e pesquisador da Universidade de Oxford, no Reino Unido, Eduardo Diogo, diretor de administração e finanças do Sebrae, e Gustavo Leal, diretor de operações do Senai.
Os cinco abordaram os medos e esperanças envolvendo a automação do trabalho e as transformações trazidas pela tecnologia na indústria. Para Leal, a principal solução será educar ao máximo a população brasileira para operar e, principalmente, criar junto das novas maquinarias. “O trabalhador do futuro precisará solucionar problemas complexos em tempo real lidando com o que há de mais novo no mercado”, afirma.
Para Rinne, além do desenvolvivmento dessas habiliddes, é necessário que as empresas pensem em como aproveitar as melhores partes das novas funcionalidades. Segundo ela, uma das principais vantagens será a globalização da mão de obra e o gasto de menos tempo em transporte e em infraestrutura física.
“O trabalhador poderá ficar em casa com a família enquanto contribui para a empresa. Cada vez mais companhias estão percebendo como isso é vantajoso para ambas as partes”, conta ela.
Susskind, porém, alerta para a necessidade de repensar as concepções sobre inteligência artificial e outras tecnologias. O pesquisador explica que ainda existe a fantasia de que robôs e máquinas precisam aprender com humanos para poderem copiar as tarefas feitas por eles.
No entanto, a maioria das soluções tecnológicas performa diferentes tarefas basedas em padrões retirados de grandes bancos de dados. “O computador não precisa aprender como é nossa carreira. Ele realiza ações utilizando algoritmos para prever os próximos passos.” Para ele, é necessário que encaremos de frente as realidades atuais para pensarmos de forma clara sobre o assunto.
Diversidade
Durante o mesmo evento, aconteceu também o painel “Mulheres Inovadoras”. Nele, a discussão abordou os passos em direção a um futuro empresarial não apenas tecnológico, mas também inclusivo.
Participaram do debate Deborah L. Wince-Smith, presidente do Conselho de Competitividade dos Estados Unidos, Gianna Sagazio, diretora de inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil, Heloisa Menezes, pesquisadora visitante da Universidade Cornell, nos EUA, Lourdes Casanova, diretora acadêmica do Instituto de Mercados Emergentes na School of Business, da Universidade Cornell, e Josie Perissinoto Romero, vice-presidente de Operações e Logística, Natura.
Para as líderes, é importante que as empresas adotem políticas inclusivas, que motivem a participação maior de mulheres em cargos de liderança e técnicos. “Precisamos ensinar a elas que não é preciso abrir mão da vida pessoal e profissional, que não precisa ser uma escolha”, conta Romero. Ela explica que na Natura, existe um berçário para motivar mães e pais a continuarem trabalhando enquanto criam sua família.
Outros exemplos de medidas motivacionais, segundo elas, é a criação de programas que levem exemplos e modelos para crianças e jovens mulheres. “Quando comecei, o que mais me impressionava era a falta de alguém como eu lá, alguém que me dissesse que era possível. Hoje, quero ser essa pessoa”, afirma Cosentino.
Fonte: Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios